Depois Cura

Tenho visto as pessoas abominando a paixão, com certa frequência. “Deus me livre de me apaixonar”, elas dizem como se fosse um mantra. Eu sei que depois temos o coração machucado, é tão difícil querer se entregar de novo. Sempre bate o medo de ser mais uma história falsa. Existe o risco de se ver só novamente. Acho que todos nós já passamos por isso. Entretanto nunca rezei essa prece.
Temo, também, de me colocar na ponta do pé para fora da rota e perder o trilho. O medo de estragar tudo, de perder o que conquistei tipo no jogo de tabuleiro “volte duas casas...”. Porque a vida pode ser bem diferente do que um War jogado numa sexta-feira à noite. Ou não.Mas quero ainda me apaixonar, esse é o tipo de erro que sempre vou cometer. Eu sei disso. E com plena certeza de todos os riscos. Quero estar disponível a amar, até para amar as coisas e não somente as pessoas. Com o coração aberto, me apaixono pelas palavras, por conversas, por amigos, por beijos, abraços, toques e sorrisos, pelos meus livros, pelas canções que ouço e os filmes que assisto. Quero overdose de paixão, que mesmo tão imensa, sempre cabe em mim.
Já fui magoado, porém talvez por sempre expressar a dor, ou seja, ela nunca ter me sufocado, sinto-me pronto ao novamente. Game over? Not here! É porque, como diria nas palavras de Caetano: “Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim...”. É isso. Quando fechamos o coração corremos o risco de perder tanta coisa essencial, que passa ao redor. Não nos encantamos com as paisagens, com as nuvens, com as cores. Não é tão fácil como jogar o ursinho de pelúcia, que já está sem braço, no lixo. Com o tempo descobri que é impossível nada sentir. E se acaso doer de novo, depois cura. Pois prefiro, com toda sinceridade, me entregar à paixão e ter histórias vividas, do que me fechar novamente. Porque, quando der certo, não restará dúvida que foi o maior acerto que já fiz na vida.

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