Tudo passa

Nós somos a geração do “passa”. A garota está sofrendo porque brigou com o namorado e a mãe consola com a frase de sempre: vai passar. O menino não foi bem no vestibular e o melhor amigo diz: na próxima vez, você passa. Fomos educados assim. Claro que não está errado, pois tecnicamente a dor ou qualquer problema, um dia cessa. Porém algumas vezes, não. Tem coisas que não passam, apenas param de latejar. Entretanto a cicatriz, que nunca vai sarar, vai permanecer. E isso, ninguém nos falou.
A dor de uma perda, de ter fracassado ou não ter correspondido uma expectativa, tem a dor de uma saudade. Ou a dor de nunca ter conhecido quem valesse a pena. A dor de está perdido ou não saber como agir. A dor da dúvida, do medo e do novo. Todas as dores parecem pequenas ou simples para quem está de fora, mas só você que a sente, percebe o quanto elas se aninham dentro de nós sem amenizar. Por mais que passe um dia. Ou seja, não significa que vamos nos atirar em frente ao carro mais próximo ou pular de uma ponte. Significa apenas, que os dias seguem seu percurso e vez ou outra, algo vai latejar aqui dentro. E não adianta ninguém dizer que não.
Mas assim como a dor que fere o peito, as coisas boas têm seu lugar. E ficam. Tudo que faz feliz permanece em nossas lembranças, mesmo que não exista mais nos dias atuais. Mesmo que você tenha terminado o casamento, um dia qualquer você lembrará, mesmo sem querer, do dia que casou ou do momento do pedido, e vai dar um sorriso de canto de boca. Foi demitido, mas terá recordações boas, mesmo poucas, de um dia de trabalho legal. É assim que é nossa vida. Os momentos se encaixam e todos são precisos, como num quebra-cabeça. Todas são aproveitáveis e não há um momento que não se encaixe, sejam os bons e ruins. Por isso, nada passa. Tudo permanece em nós. Só para de ser importante ou de doer. Porém se olhar para dentro, a sua dor está ali e sua felicidade também, prontas para colocar as peças no jogo.

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