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Está demorando eu te esquecer

            Nossos olhares se cruzaram. Ficamos nos olhando durante um minuto. Sim, eu contei cada segundo. Sabe quando a boca ri sozinha? Então, aconteceu comigo. Você se aproximou. Deu um sorriso tímido e ofereceu a cerveja, que ainda estava fechada na sua mão. “Eu não bebo”, falei. Abaixei a cabeça e ao levantar, nossos olhares se encontraram de novo. Perguntei seu signo. “Faz diferença? Não acredito em astrologia”, respondeu você. Dei meu sorriso mais frouxo, sem perder o mistério.             A gente se distraiu, se divertiu, se encontrou e, principalmente, desencontrou. Vivemos. Experimentamos. Erramos, mesmo querendo acertar. Eu quis acertar. Se você não quis, tudo bem. O grande problema é que você é raso e eu sou totalmente profundidade. Já cheguei a ponto de aceitar qualquer coisa para estar junto de alguém. Não faço mais isso. Prefiro sofrer com o fim. Melhor sentir essa dor intensa, que chega a ser física, do que me comunicar em vão por mensagem subliminar ou sinal de fum

Antes do fim

A gente sempre tenta arrumar disfarces para entender os outros. Dizemos a nós mesmos que fulano está sem tempo, quando não nos responde. Que é só o jeito de alguém, não saber se entregar ou até que a pessoa só está confusa e não sabendo lidar com os sentimentos novos. Quando a gente gosta e estamos emocionalmente envolvidos, ficamos cegos e dê um jeito que podem nos destruir, entretanto aceitamos com os pretextos clichês que criamos. A gente prefere fingir que tudo vai se encaixando, mesmo quando as coisas não estão bem. Você está vendo que vai se machucar, mais cedo ou mais tarde, que vai se desentender e não terá conserto. Que as coisas ficarão com aquele gosto amargo, memórias traiçoeiras e músicas odiadas, mas faz o que? Continua insistindo na relação. Segue construindo aquela história com farpas. Minha intuição grita que somos instantes e não presença constante, ou seja, tenho que ir, tenho que deixá-lo ir, pois o que tínhamos que viver juntos, já vivemos. A gente precisa apren

Carta endereçada a mim mesmo

E você vai vendo todo mundo esbarrando na pessoa certa. As pessoas construindo sua linda história, enquanto você continua trombando com quem não merece. É cansativo deitar a cabeça no travesseiro e pensar que mais um ser desnecessário ocupou seus dias. Você só se depara com gente “inconversável”, seja nos dias ou nos aplicativos, que juram que servem para facilitar. Que balela. As fichas para continuar tentando acabaram. O tempo para desperdiçar, está precioso. E você só segura no velho mantra que todos dizem "calma, ainda vai dar certo”.  Cedo ou tarde, sua vez vai chegar. Talvez não com um buquê de rosas na mão ou declamando os versos do Quintana, entretanto com vontade de te fazer feliz. O amor vem, pode não ser hoje ou amanhã, pode ser no mês que vem ou só no próximo ano, mas num desses domingos ele chega para passar a tarde contigo. Sem joguinhos ou cartas na manga, nada de artimanhas e armadilhas, vai ser verdadeiro. Uma alma nua, para te fazer enxergar que dessa vez é de

Sou de gêmeos

Você pode até não acreditar nessas coisas de signo, se nossos astros combinam e se a posição da lua nos favorece, entretanto quero te dizer que sou de gêmeos. É isso, sou de gêmeos e parece que todos nós, que somos de gêmeos, somos um pouco excêntricos, desinibidos, despreocupados e até solitários. Nós não temos dificuldade em nos apegar, não é bem assim. Entretanto odiamos a ideia do depender de alguém. Conversas longas, olhares demorados, perguntar aonde foi ou o que fez, até gostamos. Mas hoje, amanhã não. Semana que vem? Talvez! Esse é o lance. O que para os outros pode ser esquisito ou falta de personalidade, para nós é apenas uma variação. Hoje posso querer te dedicar todas as canções da Anavitória, te abraçar forte e planejar uma viagem a Nova Iorque. E dois dias depois, querer um tempo sozinho. Olhares rápidos, nada de bom dia e até preferir você de verde, sendo que semana passada era de azul.  Gosto de paz, quero confusão. Gosto de chocolate branco, quero chocolate preto. Q

Sentindo ao coração

A chuva caindo lá fora e eu sigo com minhas pretensões de ficar em casa. Festa para mim tem sido na cama, com o DJ travesseiro e um open bar de Netflix. O lance é que essas coisas vazias como dar voltas num espaço com luzes piscando e música alta tocando, não causa mais nada. O frio na barriga de ver gente nova também desapareceu. E olha que eu nem criei certas defesas, mesmo após tantas quedas e tropeços. Poucas coisas têm feito meu coração sair da inércia. Mas não pense que com isso digo que me sinto sozinho. Não, jamais. Até porque depois de um tempo, eu achei na escrita uma forma de falar sobre minhas emoções e até de ter companhias.  Comecei a criar histórias, recontar minhas aventuras e imaginar tantos diálogos. Por que eu escrevo? Para me salvar. Coloco no papel o que a alma grita, até porque joelhos ralados se curam mais rápidos do que corações partidos. Passei escrever o que sinto e vivo, isso não significa que fico vinte e quatro horas com um papel em mãos. Porque na verda

O que a alma sente

"Liguei para saber como você está". Mentira. Ligou por uma vaidade ou por uma carência. Talvez ligou para saber se ainda faz falta, mesmo depois de tantos meses. E olha que ironia, nessa onda de mensagens instantâneas, você fez uma ligação. Porque sabe, que a pessoa que conheceu, acharia isso um máximo, ainda mais num sábado à noite. Mas se tem uma coisa que aprendi, e com você mesmo, é que não é nada bom alimentar expectativas. Afinal, elas morrem.  Você foi a pessoa que eu não tive, mesmo estando perto. A grande paixão que nunca vivi, mesmo já tendo ficado. Os olhos fechados sussurrando seu nome foram minha esperança e minha desgraça. Então, não tem porque insistir. Essa foi outra lição, não desistir de mim para insistir em alguém. Cansei do que é efêmero. Se eu quero algo que dure? Não. Só quero enquanto faz bem. Não preciso de muito para ser feliz, entretanto isso não signifique que eu me contente com pouco.  Minha alma está sim aberta, mas deixar você entrar é aceit

Amores Imperfeitos

         “Seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer”. Cazuza compôs esse verso há vinte e oito anos atrás e, hoje, eu me pego pensando nele. A gente começa a conversar e o coração acelera, dá aquela agonia boa. Mas aos poucos, quando vamos avançando degraus, o outro se esquiva. Esperamos alguém que diga sim e saia correndo para nos encontrar, porém, cada vez mais, as pessoas ficam presas, escrevendo e reescrevendo respostas que nunca vão enviar.                    Alguns se aventuram em aplicativos de paqueras, para evitar o ritual do “onde você mora”, “qual o seu signo”, “o que você faz”, pois ali é para ir direto ao ponto. Que nada. São as mesmas pessoas que cruzamos no dia a dia, nas baladas ou esquinas, só não estamos olhando nos olhos. Olhos, que por sinal, a gente deseja tanto se encontrar. Precisamos escutar mais Cazuza e lembrar que “o amor a gente inventa, pra se distrair”. Portanto vamos conversar abertamente, facilitar a chegada e acreditar que, pode ser, sorte ter